Doutrina Espírita

Página inicial

Obras básicas (Kardec)

Obras complementares

Revistas

Textos diversos

Músicas

Programas

 

 

Textos de Leitura, Consulta e Estudo
Acervo digital espírita



A Humanização do Centro
Espírita


Documento elaborado pelo
GEPE – Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita
Caixa Postal 47039 – CEP21215-971 - Rio de Janeiro – RJ
www.gepenet.hpg.ig.com.br
gepenet@ig.com.br
(21)3381-1429

Projeto Humanizar

Justificativa

“Que se comece pelo ardor, logo o amor, preparando-se pela qualificação para servir bem. Comecemos a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito. Com esse exercício nasce uma onda de ternura, um sentimento de solidariedade e, a partir daí, começa-se a dizer: “Meu Deus, eu sou gente, eu sou uma célula do organismo universal; a sociedade caminha na minha vida”.
(Divaldo Pereira Franco, em “Novos Rumos para o Centro Espírita”, Editora Leal, 1999).

Finalidades

1. Promover a fraternidade, o estudo doutrinário e a interação entre os Centros Espíritas.
2. Organizar eventos doutrinários e confraternativos para o aprofundamento do conhecimento espírita e a melhor convivência.
3. Reunir, como um organismo vivo, os espíritas para a troca de idéias e ideais, em clima de ampla fraternidade, comunhão de pensamentos e união de esforços em torno do Espiritismo.

Objetivos

1. Espiritualizar o ser humano e promover o bem.
2. Intensificar o intercâmbio entre os grupos espíritas.
3. Auxiliar instituições beneficentes em seus programas de amparo ao próximo.
4. Elaborar para o movimento espírita e os Centros Espíritas sugestões práticas de dinamização de suas atividades.

Visão

O “Projeto Humanizar” é uma confraternização social dos espíritas, nos legítimos laços do amor cristão, constituindo um organismo vivo onde todos participam.

Lema

Conviver para promover a fraternidade.

Público Alvo (Clientela)

Dirigentes, trabalhadores e freqüentadores dos Centros Espíritas.

Metodologia de Desenvolvimento

Fóruns de Debate.
Seminários.
Oficinas de Vivências.
Elaboração de Documentos Teórico-Práticos.

Introdução

Temos observado no movimento espírita várias questões ligadas ao personalismo de dirigentes, à falta de estudo doutrinário de coordenadores e trabalhadores, e também questões de anti-fraternismo como dissidências, fofocas, relações estremecidas, tudo isso revelando que na prática os espíritas estão com dificuldades para agir de acordo com a teoria. Igualmente observamos os Centros Espíritas, exceções à parte, cristalizados numa formatação burocrática, há anos realizando as mesmas reuniões, sempre do mesmo jeito, faltando dinamismo, criatividade. Por todos esses motivos o espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Pereira Franco, lançou a proposta “Espiritizar, Qualificar, Humanizar”, e, a partir dessa proposta, o GEPE – Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita está desenvolvendo o “Projeto Humanizar”, com o objetivo de trabalhar a confraternização, as vivências de afetividade e o relacionamento interpessoal entre os espíritas, apresentando sugestões práticas de desenvolvimento de atividades para o Centro Espírita.

Allan Kardec, o insigne codificador da Doutrina Espírita, inseriu na Constituição do Espiritismo em seu item VIII, do livro “Obras Póstumas”, que para que haja uma condição absoluta de vitalidade para toda reunião ou associação é necessário a existência da homogeneidade, a qual dispôs em três diretrizes:
  1. Unidade de Vistas.
  2. Unidade de Princípios.
  3. Unidade de Sentimentos.
Sempre preocupado com os rumos que o homem poderia dar ao Espiritismo através de suas ações particulares e coletivas, o codificador estabeleceu uma proposta indicando o Trabalho, a Solidariedade e a Tolerância como pontos essenciais para o desenvolvimento do Movimento Espírita.

Os Centros Espíritas e o Movimento Espírita como um todo, devem se preocupar em vivenciar o sentimento puro da fraternidade, da tolerância, da solidariedade, e porque não dizer, em grau maior o sentimento mais nobre: o Amor.

O Espiritismo é Cristianismo redivivo, não temos disso a menor dúvida, portanto, sob esta característica a vivência do amor se torna imprescindível.

A proposta feita pelo espírito Joanna de Ângelis, salienta o desenvolvimento natural das propostas do próprio codificador. Quando a mentora Joanna de Ângellis afirma a necessidade de se realizar um trabalho de “Espiritização, Qualificação e Humanização” dentro do Centro Espírita, está reafirmando as propostas de Allan Kardec, numa visão real, abrangente, profunda e atual, dentro de uma dialética contemporânea, diante das necessidades atuais do Movimento Espírita.

Humanizar

        Segundo as definições encontradas nos dicionários, a palavra “humanizar” pode ser entendida em quatro aspectos:

1. Tornar humano.
2. Tornar benévolo.
3. Tornar afável.
4. Tornar tratável.
        
Todos esses aspectos relacionados ao ser humano. Mas como fazer com que o ser humano torne-se humano, benévolo, afável e tratável? Só existe um caminho, apontado pela própria Doutrina Espírita: a educação, pois a finalidade maior do Espiritismo é tornar a todos nós homens de bem.

A educação, por ser formadora do caráter e não apenas instrutora do conhecimento, combate o personalismo, a vaidade, o egoísmo, o orgulho, cabendo ao Centro Espírita relevante papel pois é nele onde a aplicação da educação moral do ser deve ter prioridade. Como afirma Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”, primeira parte, capítulo 3, item 19, devemos antes tornar o ser humano espiritualista, ou seja, que ele acredite que em si mesmo há algo mais do que o corpo biológico, ou seja, devemos fazer com que ele coloque em ação a auto-educação, a chave preconizada pelos filósofos gregos: “Conhece-te a ti mesmo”.

Conhecendo a si mesmo como alma, o ser humano estará predisposto a mudar seus rumos na vida, ou seja, ele terá a força de vontade que ainda lhe falta, o querer. Entretanto não basta querer, é preciso saber como, e o apoio do Centro Espírita é fundamental, pois nele o ser humano encontra, ou deveria encontrar, a plenitude do Espiritismo como filosofia estruturada em argumentos científicos e de vastas conseqüências morais.

Estará o Centro Espírita adequado a essa realidade e atendendo convenientemente aquele que o procura?

Bastará o Centro Espírita abrir suas portas ao público para que neste entre quem desejar?

Allan Kardec faz a seguinte declaração em sua “Viagem Espírita de 1862”: “Coloco em primeira instância o consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer a coragem dos caídos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime, não vale isto mais que os lambris dourados?”

Todas estas ações requerem sentimentos nobres que só podem ser doados e oferecidos por aqueles que verdadeiramente os vivem.

A humanização dentro do Centro Espírita é a pura revivência do sentimento cristão, é processo definitivo de revitalização do compromisso com Jesus, com a Doutrina e com o próprio Centro Espírita.

Na proposta de Joanna de Ângelis a implantação da “Qualificação” e da “Espiritização” assumem valor incalculável, porém o triângulo de ação proposto pela generosa mentora somente se torna completo com a “Humanização”.

O Centro Espírita

“O progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais” (Allan Kardec – Obras Póstumas).

Ao longo do tempo temos podido constatar um grande distanciamento entre as instituições espíritas, que se fecham em torno delas mesmas, quando na verdade deveriam estar realizando um trabalho contínuo de aproximação mútua, tendo como objetivo a dinamização do inter-relacionamento, através da troca de informações e experiências, permutando conhecimento administrativo e doutrinário, buscando agir em conjunto nas atividades viáveis de serem realizadas entre os Centros Espíritas.

É comum verificarmos instituições que estão situadas bem próximas umas das outras, porém mal se conhecem, atuam dentro de um mesmo bairro e não possuem conhecimento das atividades desenvolvidas pelas outras instituições, seus dirigentes e trabalhadores não se relacionam, se desconhecendo por completo; esta situação é bem mais comum do que se possa pensar.

Centros Espíritas que vivenciam as mesmas dificuldades operacionais nos seus diferentes campos de atuação, poderiam ter essas dificuldades mais rapidamente solucionadas se houvesse uma relação de ajuda e incentivo mais dinâmico entre os Centros Espíritas. Instituições Espíritas há que realizam os mesmos trabalhos sem alcançarem o objetivo desejado, quando em conjunto poderiam estar alcançando resultados ideais ou bem mais satisfatórios, sem que com isto percam sua individualidade ou identificação.

“Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos ponto de vista. Juntos alcançaremos a realização de nossos propósitos” (Bezerra de Menezes).

Esta colocação feita por Bezerra de Menezes é demais atual e nos remete a uma outra assertiva deste mesmo orientador espiritual, quando nos diz: “Unificação paulatina, união imediata, trabalho incessante.”

Lembramos da necessidade de se buscar a unificação, a qual somente poderá ser verdadeiramente possível e viável através de uma união realizada por meio do entendimento amplo, profundo, com implementação do trabalho constante, a realização da vivência sincera do real cristianismo dentro dos propósitos da Doutrina Espírita, tendo todos a consciência do que representa a Doutrina na construção de uma nova era no planeta, que nos serve de lar e escola, mas para isto é essencial entender um pouco mais e melhor a respeito do Centro Espírita.

Ainda em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo 30 da segunda parte, no regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, lemos em seu artigo 1º: “A Sociedade tem por fim o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas”.

A amplitude da visão de Allan Kardec ainda nos surpreende, quando insere como finalidade do Centro Espírita a aplicação do conhecimento espírita na área das ciências. Traduzindo essa visão, podemos dizer que a finalidade do Centro Espírita é:

        “Dar ao homem condições de estudar o Espiritismo e aplicá-lo a si mesmo e ao próximo, quer no comportamento individual como nas relações sociais, atuando no processo dinâmico do saber com esse conhecimento”.

Podemos agora indicar três posturas básicas do Centro Espírita:

a) O Centro Espírita é uma escola de almas com uma estrutura de fraternidade, diálogo, entendimento e dinamismo.
b) O Centro Espírita reflete a doutrina que lhe dá nome: a Doutrina Espírita ou Espiritismo.
c) O Centro Espírita tem por base sólida de sua estrutura a codificação kardequiana.

As posturas estão no afirmativo porque o Centro Espírita não pode desenvolver outras posturas sem que elas estejam firmemente estruturadas nessas três posturas básicas.

Estando claro as finalidades, ou os fins do Centro Espírita, podemos vislumbrar seus objetivos, já que o Espiritismo deve renovar moralmente o mundo através da reforma moral dos indivíduos, fazendo do homem no mundo, um homem de bem. São, pois, três objetivos essenciais:

1) A caridade, pois fora dela não há salvação.
2) A fraternidade, pois o primeiro mandamento é o “amai-vos”.
3) O esclarecimento, pois o segundo mandamento é o “instruí-vos”.

Resta-nos entender o processo de humanização que levará fatalmente o Centro Espírita e os espíritas a cumprirem os fins e objetivos aqui apresentados e, na sequência, propor algumas práticas dinamizadoras dessa humanização.

Humanização do Centro Espírita
        

“O ideal espírita é de fraternidade, e possui força incalculável de trabalho em prol do progresso e felicidade do homem.”

Esta frase acima é do irmão Orson Peter Carrara, extraído do periódico “Dirigente Espírita”, e retrata bem o ideal que deve nortear as ações do Movimento Espírita: a fraternidade, conseqüência natural do processo de humanização.

O eminente escritor J. Herculano Pires, declara no seu livro “O Centro Espírita”, que “não basta semear idéias fraternistas entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros.”

Portanto é imperioso que no Centro Espírita, local de convergência dos Espíritos, onde se prega o amor e o entendimento, o perdão e a tolerância, a fraternidade e o respeito, haja a vivência destes sentimentos, buscando a concretização dos ideais espíritas dentro do seu principal núcleo constituído: o Centro Espírita.

“Que se comece pelo ardor, logo o amor, preparando-se pela qualificação para servir bem. Comecemos a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito. Com esse exercício nasce uma onda de ternura, um sentimento de solidariedade e, a partir daí, começa-se a dizer: “Meu Deus, eu sou gente, eu sou uma célula do organismo universal; a sociedade caminha na minha vida” (Divaldo Pereira Franco, em “Novos Rumos para o Centro Espírita”, Editora Leal, 1999).

Com essas palavras Divaldo Franco interpreta o “humanizar” proposto por Joanna de Ângelis, ou seja, tudo realizar com amor, com sentimento, colocando-se no lugar do outro para sentir seus dramas e suas alegrias.

É o término das fofocas, das intrigas, dos ciúmes, dos personalismos, dos achismos, da centralização do poder, dos melindres e tantos outros males que fazem estragos consideráveis na seara espírita.

Humanizar o Centro Espírita. Trabalhar as relações interpessoais mergulhando-as no amor para vivenciar-se a fraternidade. Saber conviver com as diferenças através do diálogo construtivo.
Como? Colocando em prática as sugestões a seguir.

Propostas de Dinamização das Atividades do Centro Espírita

1. Atendimento Fraterno
Que o Centro Espírita, através de sua equipe de trabalhadores voluntários, procure realizar o “Atendimento Fraterno” todos os dias da semana, por plantão, ou, quando isso não for possível, nos horários de funcionamento do Centro, tanto nas reuniões públicas como outras, pois o sofrimento, a dor e a procura por orientação não esperam dia e hora.

2. Reuniões Públicas
Na medida do possível, que o Centro Espírita disponibilize “Reuniões Públicas” com palestra e passe nos períodos da manhã, tarde e noite, para atender o maior número possível de pessoas, estabelecendo alternativas para o público durante a semana.

3. Desobsessão
Aumentar o número de grupos mediúnicos de desobsessão, disponibilizando novos dias e horários para esses grupos trabalharem no atendimento aos encarnados e desencarnados, possibilitando assim também o ensejo de trabalho aos diversos médiuns e doutrinadores em desenvolvimento (ou educação mediúnica).

4. Salas Temáticas
Através do uso do salão principal e outras salas menores, criar nas reuniões públicas as “Salas Temáticas”, ou seja, cada uma com um tema específico a ser desenvolvido pelo expositor, podendo o público escolher livremente o tema de sua preferência para assistir ao estudo.

5. Grupos (ou Ciclos) de Estudo
Nos moldes de um curso, o Centro Espírita deve implantar os “Grupos de Estudo da Doutrina Espírita”, favorecendo tanto os que iniciam seu conhecimento do Espiritismo, como aqueles que procuram aprofundamento doutrinário. Os “Grupos de Estudo” devem ter a duração mínima de três meses (cursos introdutórios) e um ano (cursos de aprofundamento), além do “Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita” com duração mínima de quatro anos.

6. Perguntas e Respostas
Nas reuniões públicas reservar de quinze a trinta minutos para o expositor responder perguntas do público sobre o tema apresentado, ensejando interação público/expositor e assim dinamizando a reunião, melhor atingindo os interesses dos que se dirigiram ao Centro Espírita.

7. Livraria
O Centro Espírita deve instalar a “Livraria Espírita” preferencialmente junto à entrada do Centro, permitindo livre acesso, divulgando a doutrina através do livro.

8. Biblioteca
Manter uma “Biblioteca” acessível ao público, com o empréstimo de livros por um período de até quinze dias, renovável por mais quinze. A cultura espírita é fator de progresso intelectual e moral do ser humano, e o serviço de empréstimo facilita aqueles que não possuem renda para se servir da Livraria.

9. Pesquisa
Realizar pesquisa, periodicamente, junto ao público freqüentador e também junto aos trabalhadores, sobre suas necessidades e os temas preferenciais para estudo. Conhecer o horizonte sócio-cultural daqueles que procuram o Centro Espírita é fundamental para direcionar com sensatez e objetividade as atividades da casa.

10. Diálogo
Nas “Reuniões Públicas”, nas “Salas Temáticas” e nos “Grupos de Estudo”, favorecer a exposição dialogada, utilizar recursos áudio-visuais e realizar atividades dinâmicas, sempre que possível, provocando o “pensar” e a formação de consciências.

11. Acolhimento
Acolher com simplicidade e fraternidade todos aqueles que chegam ao Centro Espírita, atendendo-lhes as necessidades e encaminhando-os para os diversos serviços oferecidos. Uma boa equipe de “Recepção”, dialogando com amor, é cartão postal que marca o ensejo do próximo encontro.

12. Encontro de Trabalhadores
Integrar, harmonizar, socializar os diversos trabalhadores do Centro Espírita, periodicamente, em reuniões confraternativas e de estudo, possibilitando a troca de idéias e de experiências.

13. Comissões Visitadoras
Que as Casas Espíritas criem pequenas comissões com a finalidade de visitarem-se mutuamente, pelo menos dentro de uma mesma região, com a finalidade de estreitarem os laços de convivência, trocarem informações, realizando uma aproximação, participando algumas vezes como frequentadores nas reuniões das Instituições vizinhas.

14. Colegiado
Para melhor dinamização de sua administração, sugerimos que o Centro Espírita utilize a direção colegiada, privilegiando as prioridades doutrinárias, permitindo decisões e execuções de tarefas em grupo, com diálogo, troca de idéias e deliberações em conjunto. O colegiado permite a formação de equipes em todas as áreas e se opõe ao personalismo e a centralização administrativa/doutrinária.

15. A Família no Centro Espírita
Todo Centro Espírita deverá criar um Departamento que trate exclusivamente da família, tendo um enfoque da mesma como um todo, desde a criança que participa da evangelização até o idoso que comparece ao Centro. Este Departamento deverá trabalhar em sintonia com os outros Departamentos: de Infância e Juventude, Assistência Social, Doutrinário e outros, procurando promover o bem estar da família no Centro Espírita, estimulando sua vinda ao Centro, promovendo atividades em dia e horário que possa toda a família comparecer. Estas atividades deverão ter característica de aproximar a família do Centro Espírita e melhorar as relações de convivência familiar. O Centro Espírita deverá passar a ser visto como um ponto convergente de toda a família espírita, e não como um local de “obrigações” religiosas, mas um local agradável e disponível.

O Relacionamento Interpessoal

Ao desenvolver a fraternidade, o estudo doutrinário e a interação entre os Centros Espíritas, o “Projeto Humanizar” pressupõe o trabalho de promoção do relacionamento interpessoal entre os espíritas, sejam dirigentes, trabalhadores e frequentadores de um mesmo Centro Espírita, seja entre os espíritas de forma geral.

Não é possível discursar sobre fraternidade e solidariedade sem o esforço de colocar essas virtudes em prática.

O relacionamento interpessoal exige a utilização das ferramentas do diálogo, da tolerância, da compreensão e do auxílio, todas elas envoltas pelo sentimento do amor, exemplificado por Jesus e constante nos diversos ensinos dos Espíritos Superiores na codificação. Cada uma dessas ferramentas pode e deve ser utilizada constantemente, no exercício salutar da boa convivência:

Diálogo – É saber ouvir, saber ponderar o que se ouve e saber falar sem imposição da idéia pessoal. Ao ouvir, se for o caso, mudar de idéia ou atitude, reconhecendo o erro, ou falha. O diálogo deve existir para a melhor convivência do grupo, o melhor entendimento doutrinário e a melhor dinamização das atividades.

Tolerância – É o exercício de conviver com as diferenças individuais – de personalidade, de caráter, de cultura, etc. – e aproveitar o que de melhor cada componente do grupo possa dar de si mesmo.. Antes de criticar o outro, olhar para si mesmo. Não significa deixar tudo acontecer, pois a tolerância respeita o livre-arbítrio mas requer limites

Compreensão – O esforço em compreender o pensamento e as atitudes daquele que convive conosco beneficia.o estabelecimento do equilíbrio, da paz, do trabalho produtivo. Compreendendo que cada um possui limites, vamos exercitar a boa vontade de colaborar para o bem comum.

Auxílio – Não diga: “como a tarefa não é minha, nada tenho com isso”. Se alguém, escalado como responsável, não fez, por que você não pode fazer, a título de auxílio e contribuição? Antes de julgar as razões da falha do outro, julgamento que na verdade pertence a Deus, devemos estar sempre prontos a auxiliar, não esperando recompensas e nem fazendo cobranças.

Benefícios para o Movimento de Unificação

O processo de Unificação concorre para a aproximação dos espíritas através da confraternização; com a troca de experiências e conhecimentos promove o progresso natural das Instituições Espíritas e o fortalecimento do Movimento Espírita que tende a se tornar cada vez mais estável, homogêneo, eficaz e eficiente; concorre para o desaparecimento do personalismo individual e institucional dentro do meio espírita, preserva a pureza doutrinária e permite que o Movimento Espírita se fortaleça no meio social em que atua.

Os exemplos acima são apenas alguns benefícios que a Unificação pode trazer ao Movimento Espírita quando bem compreendida. Para isso desenvolvemos o “Projeto Humanizar” e o processo de humanização do Centro Espírita.

Mas não esqueçamos, ao finalizar este documento, que o Movimento Espírita somente alcançará a plenitude em se tratando de unificação quando os espíritas, de forma individual e coletiva, vivenciarem a união sem fronteiras, sem paralelismos, sem qualquer tipo de sectarismo, de melindres, agindo dentro da fraternidade sincera, numa integração verdadeira, com todos trabalhando pela Causa Espírita, que ultrapassa nossos interesses pessoais.

Para encerrarmos vamos passar a palavra ao próprio Allan Kardec, destacando as suas citações no capítulo XXIX de “O Livro dos Médiuns”, item 335, que fala sobre as Sociedades Espíritas:

“Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”.

Ainda em “O Livro dos Médiuns”, capítulo XXIX, em seu item 348, que abre o sub-tema “Rivalidade entre as Sociedades”, declara Kardec: “Todos devem concorrer, ainda que por vias diferentes, para o objetivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da verdade. Os antagonismos, que não são mais do que efeito de orgulho superexcitado, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender”.

E no item 349 nos diz: “As (sociedades espíritas) que pretendam estar exclusivamente com a verdade terão que o provar, tomando por divisa: Amor e Caridade, que é a de todo verdadeiro espírita.”

Vamos agora transcrever trechos do capítulo XXXI, também de “O Livro dos Médiuns”, que tem como título “Dissertações Espíritas”. Todos estes trechos foram retirados de mensagens dadas pelos Espíritos a Allan Kardec na elaboração da codificação da doutrina.

“Mas lembrai-vos bem de que o Cristo renega, como seu discípulo, todo aquele que só nos lábios tem a caridade”
(Santo Agostinho – item V).

“A união faz a força. Sede unidos, para serdes fortes”
(São Vicente de Paulo – item XX).

“O verdadeiro Espiritismo tem por divisa a benevolência e a caridade. Não admite qualquer rivalidade, a não ser a do bem que todos podem fazer. Todos os grupos que inscreverem essa divisa em suas bandeiras estenderão uns aos outros as mãos, como bons vizinhos, que não são menos amigos pelo fato de não habitarem a mesma casa”
(Fénelon – Item XXII).

Para reflexão e estudo em grupo, oferecemos o seguinte texto:

Imagine

Imagine uma Casa para trabalhar onde a desconfiança foi substituída pela esperança.

Onde todos acreditam que a Casa também é deles.

Onde controlamos a forma de fazer e não as pessoas, até porque cada uma delas se preocupa em se vigiar.

Onde encaramos os problemas como oportunidade, e o enfrentamos procurando descobrir o que está errado, e não quem está errado, ou quem é o culpado.

Onde medimos o resultado, em vez das pessoas, e definimos procedimentos, em vez de autoridade.

Onde perguntamos: ”Como posso ajudá-lo?”, em vez de dizer: ”isto não faz parte do meu trabalho”.

Imagine uma Casa onde trabalhamos juntos, como uma equipe, para sermos cada vez melhores, não pelo simples fato de sermos melhores que os outros, mas para melhor servir.

Onde buscamos uma resposta para cada problema, em vez de vermos um problema em cada resposta.

Onde o único erro é repetir um erro e a única verdadeira falha é não tentar.

Imagine uma Casa onde os dirigentes são companheiros, amigos, em vez de simplesmente chefes, feitores.

Onde temos disciplina nos trabalhos, em vez de disciplinarmos pessoas, até porque cada um já está preocupado com sua própria disciplina.

Onde o significado da palavra responsabilidade está vinculado a um desejo de contribuir, e não a uma obrigação imposta por outra pessoa. Afinal, o trabalho é de Jesus.

Imagine um ambiente construído sobre uma base de confiança e respeito. Onde as idéias são bem-vindas, embora não necessariamente implementadas, e as pessoas são valorizadas pela sua contribuição, se preocupando com seu aprimoramento contínuo, atendendo a receita: “Amai-vos e Instrui-vos”.

Imagine uma Casa onde as pessoas dizem: “Pode ser difícil, mas é possível”, em vez de: “Pode ser difícil, mas é muito difícil”.

Imagine uma Casa onde o medo de ser franco, leal e honesto foi substituído por um ambiente de franqueza sem medo, de sinceridade sem rudeza.

Imagine, imagine e acredite!!

Você pode imaginar? Pode ajudar a construir uma Casa assim?

Nós do Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita, acreditamos, e convidamos você a materializar este sonho em sua Casa Espírita.

(Autor Desconhecido)