"Uma criança fisicamente saudável, mas que sofre, com freqüência, pequenos acidentes é um suicida em potencial. A chamada hiperatividade, isto é, quando a criança está sempre inquieta, não pode ser responsável pelos tombos, quedas e hematomas".
A advertência é da psicóloga e professora da Universidade Metodista de São Paulo, Olímpia Rosa Noronha, que defendeu, em sua dissertação de mestrado, o uso da teoria das organizações patológicas pelos profissionais da área, para entender os casos de suicídio.
Doença autodestrutiva
"Defino suicídio como casos de autodestruição. Isso inclui, além do suicídio consciente, os pequenos suicídios ou suicídios inconscientes, termo usado para indivíduos que se matam aos poucos".
A psicóloga explicou, ainda, que o conceito de comportamento suicida como doença autodestrutiva é aceito pela Organização Mundial de Saúde – OMS.
Segundo ela, como esses sintomasmanifestam-se ainda na infância, os pais devem ficar atentos. "Não é natural que uma criança suba no muro com a capa do Super-Homem e mergulhe de cabeça em direção ao chão".
"No caso – continuou – dessa criança ter de três a quatro acidentes por ano, como quebrar a perna, é importante levá-la, imediatamente, a um psicólogo ou psicanalista".
Desta forma, Rosa, que pesquisa esse tema há dez anos, está certa de que seu trabalho pode ser usado para evitar mortes prematuras que vêm sendo registradas em todo o país.
"Às vezes, o comportamento de pequenos suicidas passa despercebido aos profissionais da área. Por isso, gostaria de ver a teoria das organizações patológicas cada vez mais disseminada em clínicas e hospitais", enfatizou a professora.
Fonte:
CRUB Informa - Ano 5º Número 84 - Maio 2000
http://www.crub.org.br/informa/informa_597/CI_03.htm