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Suicídio - conhecer para prevenir



Desgosto pela vida provoca suicídio

As causas mais comuns do suicídio, em todos os tempos, são o desgosto pela vida, as depressões, os insucessos amorosos ou financeiros. Algumas pessoas são levadas a esse ato por desespero, outras chegam a premeditar o fim da própria vida. Todos têm como objetivo fugir das dificuldades deste mundo, passando para um mundo melhor ou simplesmente para o nada.

As religiões sempre se pronunciaram contra esse ato, baseadas no fato de que somente Deus tem o direito de tirar qualquer vida, pois é Ele quem a dá.

A Doutrina Espírita, além de concordar com a opinião acima, prova que o nada não existe, que o indivíduo sobrevive ao túmulo, mostrando-se um poderoso antídoto contra o suicídio. A vida além da morte caracteriza-se pela continuação do homem com todas as suas características: moral, inteligência, angústias, problemas, dores, felicidade. A única coisa que o ser deixa na Terra é o corpo e seus bens materiais. Desta forma, ao tentar fugir de um sofrimento através do suicídio, o espírito percebe que, além de nada ter adiantado, ainda perdeu a oportunidade que tinha de conquistar coisas boas enquanto estava no plano terreno.

Em O Livro dos Espíritos, questões 943 a 957, Kardec formula uma série de perguntas sobre o suicídio aos Espíritos da falange da Verdade. Eles esclarecem que aqueles que chegam ao suicídio são levados pela ociosidade, ignorância e pela falta de fé. Em contrapartida, o trabalho e a religiosidade seriam o remédio para aliviar aqueles que sofrem e pensam em libertar-se deste modo.

O suicídio, sendo uma transgressão da Lei Divina (não matarás), traz sempre uma conseqüência dolorosa para quem o comete, que varia segundo as causas e as intenções que o moveram. Entretanto, Kardec cita algumas conseqüências gerais que o espírito enfrenta ao chegar no além pelas vias do suicídio:

957. Quais são, em geral, as conseqüências do suicido sobre o estado do espírito?

"- As conseqüências do suicídio são as mais diversas. Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas uma conseqüência a que o suicida não pode escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa prova numa nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam. ...Há, porém, as que são comuns a todos os casos de morte violenta, as que decorrem da interrupção brusca da vida. É primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito e o corpo... As conseqüências desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação espírita, seguido da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no número dos vivos. A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim ressente, malgrado seu, os efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de angústias e horror... Esse efeito não é geral; mas em alguns casos o suicida não se livra das conseqüências da sua falta de coragem e cedo ou tarde expia essa falta...

Suicídios no Brasil são metade da média mundial

Pesquisas da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que, pelo número de suicídios, o Brasil deve ser um dos melhores lugares do mundo.

A cada 100 mil pessoas, só quatro se matam. Isso representa aproximadamente metade da média mundial - 8.

Na Hungria, campeã mundial de suicídios, 38,6 pessoas a cada grupo de 100 mil se matam todos os anos.

Não há nenhuma relação entre as condições de vida dos lugares e a tendência ao suicídio.

O segundo lugar na lista mundial é o Sri Lanka, uma ilha no Oceano Índico, próxima à Índia, sacudida por uma guerra civil entre duas etnias.

A cada 100 mil cingaleses (habitantes do país), 35,8 se matam, segundo a OMS.

Em terceiro lugar vêm a Finlândia, país do norte da Europa, que passa por invernos geladíssimos (parte de seu território está dentro do Círculo Polar Ártico). Há 29,8 suicidas a cada 100 mil finlandeses.

O quarto colocado é um país onde a maioria dos brasileiros sonha em viver: a Suíça tem belas paisagens, renda per capita alta e bem distribuída e organização que faz com que tudo funcione. Entretanto, 22,7 a cada 100 mil suíços se matam a cada ano.

Normalmente, homens se matam mais que mulheres. Na Hungria, por exemplo, 58 homens a cada 100 mil se matam. Entre as mulheres, a taxa cai para 20,7.

Pensar em morte é coisa normal na adolescência

A idéia do suicídio passar pela cabeça de alguém na adolescência é uma coisa normal. As palavras são do psicanalista Tenório Lima.

Segundo ele, o fato de um adolescente falar que pensa em se matar não significa que ele fará isso um dia.

O roqueiro que só quis se identificar como Carluxo, 22, é um desses. "Quando eu tinha uns 19 anos vivia falando de suicídio. Eu me sentia em um labirinto. Queria morrer. Mas percebia que não valia a pena".

Segundo ele conta, a mania de brincar com a morte era normal entre seus amigos. "A gente curtia bandas que cantavam músicas com letras depressivas".

Esse comportamento, segundo Tenório Lima, é comum em certos grupos durante a adolescência. Alguns teens romantizam a tristeza e a melancolia e fazem disso uma postura estética.

Ele explica que isso pode atenuar a depressão. Quando a angústia é compartilhada com os amigos, as coisas ficam mais fáceis e até divertidas.

Lima lembra ainda que os mais criativos podem transformar sua tristeza em arte, como poesia e letras de música. É o que fazem darks e punks.

Outro ponto ressaltado pelo psicanalista é que, quando a idéia de suicídio é exposta claramente, ou seja, quando é discutida, é mais difícil que ela se concretize.

Qualquer coisa que passa pela linguagem é atenuada. Se alguém diz que tem medo de um dia vir a se matar, provavelmente não vai fazer isso.

CVV presta ajuda por telefone

O CVV (Centro de Valorização da Vida) é um serviço telefônico grátis que atende 24 horas pessoas que pensam em suicídio. Recebem 4.000 ligações por mês só na cidade de São Paulo.

O CVV não tem estatísticas que mostrem o número de chamadas de adolescentes, mas, segundo Arthur (que não quis revelar o sobrenome), voluntário em Pinheiros, o número é grande.

O tratamento que um adolescente recebe quando liga para lá é igual ao de um adulto. Nós tentamos entender a pessoa e não minimizamos os problemas de ninguém, conta.

Ele dá um exemplo: A dor sentida por uma adolescente que briga com o namorado pode ser muito grande para ela.

A postura do CVV, nesse caso, seria de compreensão. Nós jamais diríamos para essa menina que ela pode arranjar outro namorado, pois isso deve ser o que ela está ouvindo de todos.

Arthur aconselha que a atitude adotada por amigos de suicidas em potencial seja a mesma. Jamais diga para essa pessoa que seu sofrimento é bobagem.

Outro conselho dele é que se permita o desabafo. A gente sempre deixa a pessoa chorar para se aliviar, diz.

Na última quarta-feira, Arthur recebeu o telefonema de um homem que disse: Eu vou me matar mas quero chorar primeiro. A conversa durou bastante tempo e Arthur ficou otimista. No fim ele estava bem mais calmo.

Suicídio entre jovens no EUA cresce quatro vezes

A taxa de suicídios entre adolescentes nos EUA aumentou mais de quatro vezes da década de 50 à de 90.

Nos anos 50, 2,7 entre cada 100 mil pessoas de 15 a 19 anos se matavam por ano. Agora, esse número é de 11,1.Os índices de suicídio entre jovens adultos (dos 20 aos 24 anos) duplicaram no mesmo período.

O Centro para o Controle de Doenças do governo dos EUA resolveu estudar o fenômeno com o objetivo de reduzir a incidência de suicídio entre jovens. O relatório divulgado pelo centro este mês indica que programas de prevenção de suicídios são raros no país e recomenda expandi-los.

Segundo a pesquisa, o aumento dos índices de suicídios entre jovens ocorreu em todos os segmentos da população dos EUA mas é possível constatar picos quando algum personagem famoso se mata e o fato recebe grande cobertura dos meios de comunicação.

Os cientistas do CCD reconhecem que suicídios de personalidades públicas merecem ser noticiados mas pedem aos jornalistas que ouçam especialistas para evitar que as reportagens provoquem imitações da parte de jovens.

Cheyla Toledo Bernardo
Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/suicidio/desgosto-pela-vida.html

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